terça-feira, 7 de julho de 2015

(***) CARONA

E agora? Como descer
Dessa carona que peguei
No veículo da vida?
E agora como não ser o ridículo neste beco sem saída?

Como ser capaz de ser capaz?
Desembarques a deriva
Sepulturas de feridas vivas
Desperdícios sem medidas,
E agora? Como saber a hora?

Colheita de uma vida improdutiva
Doces beijos de uma vida ardida
Onde descer dessa carona da vida?
E agora? Na esquina ou ba avenida?

Destroços dos traços que traço
Traços breves, traços rascunhados
E agora? Onde fica a saída?
Como entrar num beco sem saída?

Destroços de escombros erguidos
Paz desmorona, inferno se forma
Numa cabeça de ideias
Que não acham a descida,
E agora? E depois?

Corações abertos a feridas
Corpos a espera da tortura
Sonhos a beira do abismo
Abismo a um salto do pulo,
E agora? Pulo ou durmo?

Cortinas que se fecham no palco
Teatro da vida, ato em cena
O show de atuar, de aturar
A cena que precede, e agora?

Meus dedos que canetas buscam
Papéis em branco me seguem
Ideias que não faltam pra tudo
Sobram planos, falta tempo,
Resta só eu a mim.

E agora? Onde descer da carona?
Não sei qual parada espero
Nem sei qual parada me espera
Espero descer, mas onde?
Pra quê?

Delírios que me fazem sonhar
Sonhos que me fazem delirar
Deslizes, consequências, dores
Esse é o caminho
De quem não sabe amar.

Valores que se fazem preços
Moedas que nunca irão pagar
Dívidas a nunca quitar
Esse é o preço que se paga
O preço pago por amar,
E agora? Amar ou amar?

Vagas noites sem dormir a pensar
Tempo que passa sem pressa
Pressa que nos faz parar
Mas onde descer?
Onde paradas não há?

Nos destroços dos traços que traço
Nos caminhos que sigo meus próprios passos, que se perdem
A cada pegada, deixo marcas
Nas pegadas que não se acham.

Os desejos que desejo ter
Os receios que sinto ao viver
Uma fome que não passa
Sede de comer, viver
Mas e aí? Onde devo descer.

José Mabson
05/07/2015

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