Parceiros

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

As ondas planas

As ondas do mar, seguras e breves, sempre se renovando, sempre vindo de uma forma e voltando de outra, perfeito vai e vem, com mudanças quase que imperceptíveis, com a igualdade totalmente diferente. Belas, fortes e breves, como todas as coisas boas costumam ser. Não seja como um surfista durante a vida, não fique a espera da melhor  onda, surfe cada ondulação que a vida te der, molhada ou seca, não importa, surfe-a, enfrente-a, mesmo que ela te derrube tente outra, e outra, e sempre...

Quem diria, aqui estou eu escrevendo quase uma auto-ajuda, falando baboseiras melosas como se eu fosse um bom exemplo disso, aqui estou na beira da praia observando tudo e ao mesmo tempo nada, creio que quem passa por mim aqui, alguns poucos que passam e notam minha presença ou até mesmo alguém que pare para me olhar quieto (curiosos sempre tem para observar), devem pensar eles: Deve estar ali aquele garoto sozinho e quieto, deve ele ser solitário, pois em pleno carnaval não está nas ruas festejando como tantos outros.
Mas não creio que pensem isso, não creio que alguém se preocupe com minha presença ou com o que tenho a pensar. Sou só mais um, apenas mais um. Mas confesso que estou a observar aquela família a 40 metros de mim que estão a empinar pipas para divertir as crianças, suponho que em suas casas as contas estejam pagas, sua feira esteja feita e farta, suponho que eles de fato estão felizes e tranquilos. Estou a observar também a poucos metros outra família, moradores de rua, instalados embaixo de dois coqueiros, três crianças junto a eles a observar as outras crianças da família feliz empinando pipas. Vendo os olhares dos pais resolvidos e felizes em direção as outras crianças da família da rua. É notável o jeito estranho e nojento desses olhares, mas creio que esses pais felizes e resolvidos costumam postar no Facebook que: São contra o preconceito, racismo e discriminação social, creio que milhares de pessoas costumam fazer isso o tempo todo e todo o tempo. Querem parecer pessoas boas, livres de culpas, tentam se isentar da merda nada democrática em que vivemos.

E as ondas do mar, onde foram parar? Elas param? Incessante elas são, só mudam, na ida e na volta, sempre, e assim somos nós, mudamos o tempo todo, sem nos dar conta, negando, insistindo em não parar para nos auto-avaliar, dói bem menos observar e apontar os erros alheios do que os nossos...

Fico por aqui, por hoje, escrevendo sem foco, escrevendo para não parar, fico por aqui com meus pensamentos e observações sem consistência.


José Mabson
08/02/2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário