Um lápis, papel às vezes me negava,
Quando eu rabiscava me elogiava
Eu fingia com os dedos escrever
Só pra tentar lhe comover.
Comigo brigava e criticava
Mas quando eu precisava me ajudava,
Quando lhe chateava um cascudo me dava.
No banho brincadeiras e presepadas
Às vezes minhas pernas mijavas
E eu inocente revidava.
Outras vezes em seus braços subia
E fingia que desmaiava
Minha mãe e minha vó por pouco não enfartava
Tínhamos tudo pra sermos iguais
Mas lá em casa ele era o normal e eu o marginal
Se ei pudesse seroa ele,
Mas se ele fosse eu coitado dele
Somos super idem-diferentes
Não sou e nunca fui inocente
Faço coisas boas e inconsequentes
Ele é o meu irmão, pai e mãe
Todos dizem que é apenas meu tio
Mas eu nem ligo, o amo, meu pai-tio.
Já cometemos erros juntos
Mas ele é o justo e eu o pecador
Pois ele é filho e tem pai
Eu uso o dele emprestado
Se eu ficar calado não sou eu
Se falo o errado também sou eu
Ele bebe e fuma e é normal
Faço o mesmo e ainda sou o marginal.
Ele é meu irmão, pai, mãe...
Mas nem isso posso querer
Lá em casa não posso poder
Sonhar, pensar, muito menos escolher.
JoséMabson 16-04-2005